The Fort Worth Press - Cidade de El Dorado, o retrato da eterna febre do ouro na Venezuela

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Cidade de El Dorado, o retrato da eterna febre do ouro na Venezuela
Cidade de El Dorado, o retrato da eterna febre do ouro na Venezuela / foto: © AFP

Cidade de El Dorado, o retrato da eterna febre do ouro na Venezuela

Um comerciante pesa em uma balança digital o ouro em pó com o qual um cliente faz o pagamento. Esta é uma transação habitual em El Dourado, onde, como em muitas cidades mineradoras da Venezuela, compras cotidianas são pagas com o metal precioso.

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Este povoado faz parte de uma região batizada pelo governo como Arco Mineiro do Orinoco, que tem grandes reservas minerais e é atravessada pelo garimpo ilegal e pelo crime organizado.

Na região é comum a cobrança de extorsões por parte de grupos criminosos que controlam as minas, conhecidos como "sindicatos", ou até mesmo grupos indígenas, também voltados para a mineração. Além disso, a região foi cenário de massacres: 217 pessoas foram assassinadas entre 2016 e 2020.

Os 35 gramas que marcam o peso equivalem a cerca de 3.000 dólares (aproximadamente 16 mil reais, na cotação atual), diz o comerciante. Um grama é vendido entre 85 e 100 dólares (entre 473 e 556,46 reais, aproximadamente).

El Dorado fica às margens do rio Cuyuní, uma fronteira natural onde começa o Esquibo, que a Venezuela disputa com a Guiana há mais de um século.

Um enxame de motocicletas barulhentas percorre sem parar as ruas empoeiradas do povoado.

"O ouro é uma bênção que nos é dada para comprar o que queremos, mas é preciso trabalhar duro", disse à AFP José Tobías Tranquini, um mineiro de 48 anos.

"Um dia na mina pode ser que você não consiga nada, há pessoas de sorte que conseguiram até um quilo, mas no tempo que estou aqui não recebi essa bênção, consegui apenas um pouco de cada vez", prosseguiu.

- Vida de garimpeiro -

El Dorado nasceu como um forte militar que combateu uma invasão inglesa em 1895. Seu nome é inspirado no mito da conquista espanhola, que não estava muito distante da realidade.

Os morados mais antigos contam que, quando chovia, podiam ver partículas de ouro emergirem entre as vias barrentas do povoado.

Hilda Carrero chegou há meio século a El Dorado, atraída como muitos outros pela febre do ouro.

Na época, o povoado era "tudo mato", diferente do burburinho de motocicletas de uma população que chega a cerca de 5 mil habitantes. "Aqui era feio", lembra esta mulher de 73 anos em sua pequena mercearia, onde vende garrafões d'água por três milésimos de ouro.

Um 'grama' tem 10 pontos, que por sua vez tem 10 milésimos. O galão de água custa o equivalente a um dólar e meio (8,34 reais).

"O que dá a vida ao povoado são os garimpeiros", destaca Carrero, que explica que em tempos de novas minas ou 'bullitas' "as pessoas se movem, todo mundo vende".

"Mas há momentos em que não há barulho e tudo se acalma", acrescenta. "Há dias em que não vendo nem sequer um garrafão".

É comum que os moradores usem colares ou brincos de ouro.

- Trabalho duro e perigoso -

O Arco Mineiro tem 112.000 km2 de extensão, com reservas não apenas de ouro, mas também de diamantes, ferro, bauxita, quartzo e coltan.

Ambientalistas denunciam um "ecocídio" nessa área e o colapso de minas ilegais com dezenas de mortos.

O caminho até El Dourado é pontilhado por acampamentos para processar a areia extraída nos depósitos. O desenho é similar: um galpão alto com tetos de zinco e terrenos descampados com uma enorme fossa onde a areia lavada cai nos moinhos.

É um trabalho duro, perigoso.

A terra que é extraída das minas é armazenada em sacos para ser transportada para os moinhos, que funcionam com motores de carros adaptados. Lá, fragmenta-se ainda mais a areia, que cai em uma rampa de bronze coberta com mercúrio, atravessando por um jato d'água constante.

Partículas quase imperceptíveis ao olho nu ficam presas em um tapete verde que depois é sacudido para serem extraídas.

Uma família de cinco membros trabalha em um desses acampamentos. Dedica quatro horas para processar uma tonelada de areia. Resultado: pouco mais de um 'grama' de ouro, cerca de 100 dólares (556,46 reais).

"Vamos usá-lo para comprar comida e o que fizer falta no moinho", disse um dos trabalhadores, que segura com as mãos grossas a pequena pedra resultante do trabalho, tão minúscula que ocupa apenas uma fração do centro de uma colher de sopa.

De aspecto irregular, é depois submetida ao calor de um maçarico para retirar impurezas. "O perigo disso é a fumaça" liberada com a queima do mercúrio, explica o dono do moinho enquanto fuma um cigarro.

C.Rojas--TFWP